Como Alemanha se beneficiará recebendo 800 mil refugiados
- João Gabriel
- 16 de mar. de 2016
- 2 min de leitura

Quando a chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou na semana passada que a Alemanha concederia asilo a 800 mil refugiados neste ano, muitos afirmaram que outros países da União Europeia deveriam seguir o exemplo da maior economia do bloco.
Desde que dezenas de milhares de imigrantes de Síria, África e Oriente Médio começaram a chegar às fronteiras da Europa, a narrativa política na Alemanha tem sido distinta.
Em seus discursos, Merkel vem destacando "o ideal europeu comum". Segundo ela, o continente como um todo tem de se envolver com o problema da crise humanitária na Síria.
"Se a Europa fracassar no assunto dos refugiados, sua estreita relação com os direitos civis universais serão destruídos", disse a chanceler alemã.
"Como um país financeiramente saudável e forte, temos a força para fazer o que é necessário", acrescentou.
Surpreendentemente, o posicionamento de Merkel quanto à crise humanitária na Síria gerou um inédito consenso no país. Tanto a maioria dos políticos de direita quanto de esquerda apoiam a iniciativa da chanceler.
Para muitos deles, aceitar refugiados é uma questão de solidariedade com aqueles que fogem de perseguições e guerras.
No entanto, há razões pragmáticas por trás do autopropalado altruísmo.

Efetivamente, a Alemanha possui uma das populações que envelhecem e diminuem mais rapidamente na Europa.
Segundo estimativas da Comissão Europeia, calcula-se que em 2060 a população do país encolherá em 10 milhões de pessoas, passando de 81,3 milhões em 2013 para 70,8 milhões.
Por essa razão, o país poderia beneficiar-se de um influxo de jovens trabalhadores.
Por outro lado, acredita-se que o Reino Unido se tornará o país mais populoso da União Europeia. Segundo o relatório da entidade, a população do país vai aumentar das atuais 64,1 milhões para 80,1 milhões de pessoas em 2060.
O crescimento da população britânica é resultado da taxa de fertilidade relativamente alta e de um dos maiores saldos líquidos de imigração entre todos os países que pertencem ao bloco comum.
Essa diferença pode ajudar a explicar por que Alemanha e Reino Unido mantêm posições diferentes sobre imigração.
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